por Tânia Soares, Daniela Amorim (texto e edição) & Carolina Almeida
O bolo-rei é o doce mais popular desta altura do ano. Quando as cidades se enfeitam de vermelho e verde, também as confeitarias decoram as suas montras para o Natal. No entanto, para que estes doces cheguem às mesas das pessoas, existem muitas horas de trabalho e preparação.
Fundada em 1972, a confeitaria Petúlia celebrou este ano meio século desde a sua abertura. Isto significa, também, que já lá vão cinquenta anos a produzir bolo-rei todos os dias. Quem o diz é o sócio-gerente Jorge Pinto, filhos dos fundadores da Petúlia, Ilídio e Maria Amélia Pinto. “Para muitos, vir comprar o bolo-rei já é uma tradição” e algumas pessoas até só o conhecem quando estão na fila de espera nas vésperas de Natal, e acabam por comprar.
Também o pasteleiro chefe Filipe Moreira define o bolo-rei como a “imagem de marca” da confeitaria. Ainda assim, a Petúlia também é reconhecida pelo pão de ló, bolo rainha, bolo escangalhado e até pelas rabanadas. Existem famílias que compram aqui há várias décadas e para elas, estes doces "são indispensáveis" na sua mesa de Natal.
Doces fabricados pela Petúlia | Do Outro Lado
"Eram os avós e os pais, e agora são os netos que compram. Por isso criou-se uma cultura e uma tradição em volta do bolo-rei da Petúlia, que não pode faltar na mesa de Natal"
Apesar de venderem este bolo todos os dias, no fim do ano a carga de trabalho aumenta. “Nesta altura trabalhamos muito mais, às vezes dez ou doze horas”, explica Filipe Moreira. O chefe da cozinha, que fica nas instalações debaixo, relembra que nada no próprio dia “pode começar do zero”. Desta forma, existe sempre uma preparação do fabrico iniciada no dia anterior. Para fabricar o bolo-rei, por exemplo, são necessárias três horas. Mas não é só este doce que é diariamente preparado. Todos os dias, desde as 6h da manhã, cerca 10 pessoas entram ao serviço preparados para a batalha do seu posto.
No espaço da cozinha, há várias secções: a zona dos chocolates, dos fritos, dos doces, das massas, dos enfeites, da lavagem e do embalamento. Tudo é acompanhado ao pormenor por cada pasteleiro, cozinheiro e ajudantes. Ouve-se pedidos feitos por colegas a alta voz: é assim que aqui se comunica. Este ambiente de controlo e de trabalho seguido ao segundo com rigor, contrasta com o ruído que se ouve no piso de cima. Dezenas são as pessoas que fazem fila para comprar estes doces acabados de fazer - especialmente, então o bolo-rei.
José Pinto, além de referir também o aumento da demanda nesta altura do ano, acredita que o fabrico próprio da confeitaria é uma “enorme vantagem”, até porque é tudo gerido pelos próprios pasteleiros. O sócio-gerente frisa que a casa não poupa na hora de garantir a qualidade da matéria-prima, recorrendo, sempre que possível, a produtos nacionais. Quando questionado sobre a forma como os doces aproximam as pessoas, José pinto afirma:
"Talvez a palavra “doce” se reparta entre as pessoas. Talvez o prazer de comer um doce, passe para o prazer da companhia. "
Bolo-rei e frutas cristalizadas | Do Outro Lado
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