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Campanhas eleitorais: um processo que vai além dos candidatos


As campanhas eleitorais são um dos momentos mais mediáticos do meio político e, normalmente, o candidato a um determinado cargo é o rosto dessa campanha e aquela figura que o público identifica imediatamente. No entanto, no backstage, existe uma equipa de pessoas a trabalhar arduamente para garantir o sucesso de toda a campanha.


Jorge Morgado - Diretor de Comunicação do Metro do Porto | Do Outro Lado

Sentado numa das salas principais do Palácio da Bolsa, o atual Diretor de Comunicação do Metro do Porto, fala-nos da sua carreira na área da comunicação política. Jorge Morgado trabalhou como Diretor de Campanha no movimento independente de Rui Moreira, atual presidente da Câmara do Porto.


Para a realização de uma campanha eleitoral “existem as etapas necessárias que se devem fazer consoante as boas práticas”, no entanto, nem sempre isso é possível. Idealmente, uma campanha deveria começar a ser preparada “no dia seguinte à eleição”, mas em algumas situações é necessário “queimar etapas” e realizar um trabalho mais “intensivo e concentrado”.


"Uma campanha tem um prazo pela frente, uma data marcada para as eleições e a cada dia que passa temos menos tempo para trabalhar e para comunicar”

Licenciado em Comunicação Social, Jorge Morgado iniciou a sua carreira no jornal O Independente, tendo mais tarde aberto a sua própria empresa de comunicação. Hoje acredita que um diretor de campanha é como “uma pessoa que gere uma pequena empresa”, possuindo funções executivas e financeiras, além de gerir “uma equipa multidisciplinar que atua em várias áreas”.


O entrevistado assume que, em particular, os profissionais de comunicação têm uma função “decisiva” na construção da imagem das figuras políticas. Ainda assim, defende que um bom candidato é aquele que é autêntico perante o público e que por muito competente que seja um diretor de campanha, não é possível “transformar um candidato naquilo que ele não é”.



Sobre o impacto das redes sociais nos últimos anos nas campanhas políticas, Jorge Morgado confessa que estas devem ser utilizadas corretamente e que erros maiores durante o período de campanha, podem “tirar completamente o foco” do planeado inicialmente. “Por muito bons projetos e equipa que tinhámos, um erro pode-se tornar o tema de uma campanha”, admite.



Os desafios da política local


Se por um lado Jorge Morgado compara um diretor de campanha a um gestor de uma pequena empresa, Artur Mesquita equipara o processo de planear uma campanha eleitoral a uma campanha de marketing.


Responsável pela campanha autárquica do CDS em Paredes no ano de 2017, o licenciado em arquitetura paisagista pela UTAD conta que o “bichinho da politica” sempre esteve presente: primeiro junto da Juventude Popular e mais tarde auxiliando o partido em campanhas eleitorais.


Para a realização de uma campanha autárquica num concelho como Paredes, com cerca de 70 mil eleitores, é preciso mobilizar no mínimo 500 pessoas para trabalhar em todo o processo. “Temos de criar uma equipa e uma envolvência”, começa por explicar, “É preciso saber se estas pessoas estão dispostas a trabalhar em prol do concelho, e não só por interesses pessoais”.



Neto do antigo presidente da Câmara Municipal de Paredes, Jorge Malheiro, e agora sentado numa das salas da sede do partido no mesmo concelho, Artur Mesquita refere que todo o processo de comunicação da campanha foi interna e que se revelou um trabalho árduo. Como elementos mais importantes de uma campanha, destaca a questão da imagem gráfica e do slogan, dando o exemplo da frase “É agora” que foi adotada pelo partido no período eleitoral.


“A nível local, mais do que um partido, nós somos um grupo de pessoas. A política a nível local funciona de forma diferente do que a nível nacional”.

Além disso, a imagem pública de um candidato também se revela fundamental. É necessário compreender “se a pessoa que recrutamos é bem-vista junto da população” e um “casting mal feito pode pôr todo o projeto em causa", relembra.



Assim como Jorge Morgado, Artur Mesquita também refere que as redes sociais podem ter impactos negativos na campanha. Por um lado, as plataformas digitais ajudam a “passar a mensagem mais rápido, mas qualquer um pode ter uma presença online e afetar diretamente uma campanha”. O arquiteto também mostra a sua preocupação em relação à disseminação de fake news e a criação de perfis falsos.


Para compreender quais são as principais etapas de uma campanha eleitoral, explore a timeline abaixo com os momentos mais importantes da campanha do CDS no concelho de Paredes.



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1 Comment


greyowl
Dec 11, 2022

Mais uma vez um artigo muito bom e elucidativo sobre o que se passa por trás das figuras que dão a cara nas campanhas eleitorais e pelas empresas que representam. Estas pessoas são responsaveis pelo sucesso de campanhas politicas e publicitárias e o publico geral não pensa sequer nas funções que desempenham. Venha o proximo.

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